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Alitalia pede administração especial e corre o risco de quebrar

A Alitalia deu início a um processo de falência pela segunda vez em uma década, colocando em dúvida a sobrevivência da empresa aérea italiana.

Os acionistas aprovaram por unanimidade nesta terça-feira a apresentação de um requerimento para colocar a empresa sob administração especial. Segundo a lei italiana, o governo nomeará administradores que deverão recuperar completamente a companhia ou determinar sua liquidação. O Estado vai fornecer um empréstimo-ponte de 500 milhões de euros para ajudar a aérea a manter as operações nos próximos meses, segundo pessoas com conhecimento da transação.

A Alitalia, que era financiada principalmente pela Etihad Airways (empresa aérea de Abu Dhabi), informou na semana passada que tinha esgotado todas as opções para permanecer solvente depois que os trabalhadores vetaram um plano de refinanciamento de 2 bilhões de euros que envolvia a eliminação de 1,6 mil postos de trabalho. Os cortes na folha de pagamento de 12,5 mil funcionários podem ser ainda mais profundos sob a administração especial, já que um resgate parece improvável. A Etihad, que detém 49% da transportadora italiana, não vai fornecer financiamento adicional.

“Está claro que este negócio requer uma reestruturação fundamental e profunda para sobreviver e crescer”, disse o CEO da Etihad, James Hogan, em um comunicado. “Sem o apoio de todas as partes interessadas a essa reestruturação, não estamos preparados para continuar a investir.”

O ex-executivo do Bank of America Luigi Gubitosi deve ser escolhido como um dos administradores, disseram as fontes, sob condição de anonimato. Gubitosi foi nomeado para o conselho de administração da Alitalia em março e teria se tornado presidente-executivo, se a recapitalização tivesse vingado.

O gabinete italiano deve se reunir nesta terça-feira à noite para analisar medidas que garantam o funcionamento da companhia no curto prazo, de acordo com um comunicado do gabinete do primeiro-ministro Paolo Gentiloni.

A Alitalia ficou de fora de uma rodada de consolidações que amparou outras empresas aéreas europeias e tem visto sua situação piorar desde o pedido anterior de recuperação judicial, em 2008. A compra de participação pela Etihad, parte de um resgate de 1,76 bilhão de euros em 2014, era uma boa chance, uma vez que a companhia do Golfo Pérsico desejava transformar a italiana em uma operadora cinco estrelas.

Os planos nunca se concretizaram. Rivais de baixo orçamento como Ryanair e EasyJet capturaram parte de sua fatia de mercado na Itália, e uma onda de ataques terroristas na Europa enfraqueceu o turismo na região. Com o pedido de recuperação judicial, o conselho de administração da Alitalia “reconhece a grave situação econômica e financeira da empresa”, diz a aérea em comunicado.

Os administradores irão assumir o negócio e apresentar uma nova estratégia que pode implicar venda de ativos, redução de operações e cortes de empregos, iniciativas destinadas a tornar a companhia viável dentro de dois anos. Se a reviravolta não for possível, os administradores podem pedir a liquidação. O governo italiano já descartou a possibilidade de um resgate.

Ao mesmo tempo em que retirou o apoio financeiro, a Etihad afirmou estar pronta a trabalhar com a Alitalia como um “parceiro comercial”, sinalizando que os acordos de codeshare vão continuar. Passageiros da Etihad com bilhetes para voos da Alitalia podem seguir com seus planos de viagem.

Anos de fraco desempenho diminuíram a participação da Alitalia na economia italiana e na indústria da aviação. A fatia da operadora no mercado italiano caiu para 18%  em 2015, contra 23% em 2007, de acordo com uma análise de Ugo Arrigo e Andrea Giuricin, da  Universidade Bicocca, de Milão. A Ryanair, maior aérea de baixo custo da Europa, agora ocupa o primeiro lugar, com 23% (eram 12% dez anos atrás).

Esse estudo aponta que a transportadora italiana perdeu quase 3 bilhões de euros desde que saiu da concordata, em 2009. A empresa divulgou prejuízo líquido de 199 milhões de euros de, em 2015, o último ano em que publicou balanço. Os administradores especiais terão 180 dias para chegar a um novo plano, prazo que pode se estender por mais 90 dias. O processo, disponível para grandes empresas insolventes, visa proteger os ativos e trabalhadores de uma empresa através da reorganização.

Fonte: Valor Econômico

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