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GeneSeas, da Aqua Capital, pede recuperação judicial

GeneSeas, empresa que atua no segmento de pescados e é controlada pela gestora Aqua Capital, entrou na tarde da última segunda-feira (26/9) com pedido de recuperação judicial na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do TJSP, após acumular cerca de R$ 250 milhões em dívidas, apurou o Valor.

A ação foi distribuída ao juiz da Vara, Leonardo Fernandes dos Santos. Em julho, a empresa já havia entrado com pedido de suspensão das medidas de execução judiciais ou extrajudiciais, por meio de liminar, mas a tutela de urgência foi indeferida pela 1ª Vara de Falências de São Paulo, uma vez que a sua concessão deveria ocorrer no bojo do processo de mediação e conciliação com credores, disse a Justiça.

Fundada em 2001, a GeneSeas tem unidades em São Paulo e em Mato Grosso do Sul e previa fechar o ano passado com receita de R$ 400 milhões, segundo informou o Valor em 2021. A empresa é a maior produtora verticalizada de tilápia do país, e desde 2015 é controlada pela gestora Aqua Capital.

Segundo uma fonte, a empresa estaria sendo negociada, com a compra da operação pela dívida, mas a hipótese de execução de títulos de dívida por credores levou a empresa a pedir recuperação. Bancos privados estão entre os principais credores.

Mediação com credores

No fim de agosto, o Valor publicou que a empresa estava em negociações com credores para mudar o perfil de suas dívidas, mas a situação já era delicada. De janeiro a junho, a receita atingiu R$ 210 milhões, e o endividamento no mesmo período ultrapassava os R$ 200 milhões. Em agosto, o grupo estava em mediação com seus credores, buscando um acordo, e esse processo se finalizaria no fim de setembro.

No processo, a companhia diz que é a pior crise financeira desde a sua fundação, em 2001, e afirma que tem hoje problemas para expandir produção, pela questão financeira e pela piora de condições climáticas.

Sobre isso, fala em “redução drástica dos níveis de reservatórios para a piscicultura”, por causa da crise hídrica. Também afirma que sentiu aumento em custos de após a covid, especialmente em frete aéreo, ao mesmo tempo em que seu caixa se reduziu. A empresa vende produtos para restaurantes e afirma que essa demanda despencou até 2021. Relata ainda que commodities agrícolas, como milho e soja, para ração, subiram 78% e 126%, respectivamente, desde início de 2020.

Prejuízo em 2021

Na metade de 2021, a empresa — que agora relata que estava em crise financeira severa na época — citava em entrevistas planos para aumentar investimento e fazer novas expansões no volume de criação de peixes e no processamento. Segundo os documentos enviados à Justiça na última segunda, a GeneSeas fechou 2021 com prejuízo de R$ 39,2 milhões, alta de 60% sobre 2020, e o passivo circulante subiu 70%, para R$ 207 milhões.

Procurado, o Aqua Capital informa que segue apoiando a GeneSeas no processo de reestruturação, “atuando de maneira transparente com os stakeholders e comprometido com a governança e a busca constante por resultados positivos dos ativos”.

A GeneSeas informou em nota que “está trabalhando em um plano de recuperação judicial com o objetivo de garantir a continuidade das atividades operacionais e a conclusão do processo de reestruturação financeira”, afirma.

“Situação desafiadora”

“É importante esclarecer que a situação desafiadora enfrentada pela GeneSeas é comum a todo o mercado de proteína animal, em razão do recrudescimento do cenário macroeconômico, com grande aumento nas taxas de juros, alta nos preços da energia e das commodities e aumento da probabilidade de uma recessão global”, informa.

Ainda diz que está empenhada em sua recuperação, renegociando prazos com credores para garantir o seu funcionamento e a manutenção “da maior quantidade possível de postos de trabalho”.

A Aqua Capital tem operações no agronegócio, logística e indústrias de alimentos. A empresa é controladora da AgroGalaxy, plataforma de varejo de venda de insumos agrícolas e serviços, que finalizou na metade do ano passado a sua abertura de capital, levantando R$ 350 milhões a R$ 13,75 a ação, hoje cotada a R$ 6,80.

Fonte: Valor Econômico

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