De acordo com o grupo, dívida acumulada do estaleiro é de R$ 1,3 bilhão. Decisão judicial suspende ações de credores temporariamente.
Na decisão, a juíza determina, entre outras medidas, que sejam suspensas as ações e execuções movidas por credores contra o estaleiro, com condições como a apresentação mensal de contas demonstrativas do processo de recuperação judicial.
De acordo com o advogado do grupo EAS, Gustavo Matos, a dívida acumulada é de R$ 1,3 bilhão, junto a diversos credores, sendo o maior deles o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que concentra R$ 1 bilhão.
“Existe um bom relacionamento com os credores, mas um conjunto reduzido deles começou a ajuizar ações contra o estaleiro e a Consunav. Essas ações vêm com bloqueio de ativos, que podem comprometer o caixa da companhia. Em razão do descompasso de novas receitas a curtos prazos, justifica-se, para proteção da atividade empresarial, o pedido de recuperação”, afirmou.
Ainda segundo o advogado, a dívida vem, principalmente, de financiamentos para funcionamento do estaleiro, fornecedores e de despesas com ex-funcionários.
Desde agosto de 2019, o estaleiro tem funcionado com atividade quase zero, depois que os últimos navios foram entregues, na metade do ano. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, 3.450 empregados foram demitidos por causa da crise no setor naval.
“Com a recuperação judicial, conseguimos que todas as ações contra o grupo sejam suspensas por 180 dias e, dentro desse prazo, temos 60 dias para apresentar um plano de recuperação, que será apresentado pelo grupo EAS ao universo de credores, de modo a podermos reestruturar o estaleiro, readequando ele a uma nova realidade de mercado”, declarou o advogado.
Gustavo Matos disse, ainda, que embora a situação financeira do estaleiro seja difícil, a empresa tem capacidade para receber novos pedidos.
“O estaleiro cumpriu com a entrega de todos os navios contratados, mas a realidade da indústria naval é de muita dificuldade. Havendo novos pedidos, o estaleiro se encontra apto a realizá-los, porque existe mão de obra qualificada preparada nesse período de funcionamento e, se houver necessidade, pode ser de imediato contratada”, declarou.
Atualmente, trabalham no estaleiro menos de 40 pessoas, de um universo que abrange cerca de 3 mil. Em seu pico, o EAS chegou a ter, aproximadamente, 7 mil trabalhadores.
Fonte: G1