O Guarani recebeu prazo até o dia 8 de setembro de 2025 para comprovar sua situação fiscal junto à União e ao município de Campinas, após manifestação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que indicou crescimento da dívida fiscal do clube para R$ 215,2 milhões.
Caso não cumpra a determinação, o processo de recuperação judicial iniciado em 2023 pode ser convertido em falência — medida que leva à liquidação de bens para pagamento de dívidas.
A decisão do juiz Felipe Guinsani, da 7ª Vara Cível de Campinas, é da última quinta-feira (28 de agosto) e aponta a necessidade de comprovação da regularidade fiscal como condição essencial para a manutenção da recuperação judicial. O clube, no entanto, acredita que a determinação será revertida nas instâncias superiores.
Parte do montante de R$ 215,2 milhões apontado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) corresponde a tributos recolhidos e não repassados de uma infração recebida em 2016 (e que perdeu o prazo para recorrer), situação que pode configurar apropriação indébita tributária — quando valores descontados de funcionários ou terceiros deixam de ser entregues ao governo.
O advogado Otto Gubel, representante do Guarani no processo, contestou a decisão e classificou a recuperação judicial do clube como “exemplo” no futebol brasileiro.
— A RJ do Guarani é a melhor de clube de futebol atualmente. Podemos garantir que estamos agindo da melhor forma, pagando os credores e gerindo de forma muito administrável até o momento. Esse foi o acordo amarrado com o Ricardo Moisés (ex-presidente do clube) e que se mantém com a atual diretoria.
Segundo Gubel, o Bugre espera reverter a decisão a partir de recursos:
— A certidão foi uma novidade. Vamos apresentar um pedido de recurso para o juiz reformar a decisão. Se não ocorrer até a próxima terça ou quarta-feira, vamos para o tribunal.

Em relatório interno entregue ao ge, o Conselho Fiscal destacou que tem mantido em dia os compromissos da recuperação judicial. O clube afirma que já realizou 13 pagamentos trabalhistas, em média de R$ 350 mil mensais, e quitou 94% dos honorários do administrador judicial e do escritório contratado para atuar no processo, somando R$ 2,4 milhões. Restam apenas duas parcelas, com encerramento previsto para outubro.
No campo tributário, o clube negocia desde 2024 com a Fazenda Nacional para aderir a uma transação tributária que prevê desconto de até 70% do passivo federal, reduzindo o valor a cerca de R$ 70 milhões a serem pagos em 12 anos.

Enquanto isso, no âmbito estadual, o Guarani já firmou acordo de parcelamento com descontos médios de 60% e mantém as parcelas em dia desde abril de 2024.
A falência de um clube ocorre quando a recuperação judicial não é cumprida. Nesse cenário, a Justiça determina a liquidação de bens para pagamento de credores, colocando em risco a continuidade das atividades esportivas.
Fonte: GE